O Mês de Abril é marcado pela Conscientização da Doença de Parkinson. Aqui no Brasil dia 04 e dia 11 é mundila. As datas têm como objetivo promover o debate e alertar a população, orientando-a na busca de tratamentos precoces, a fim de minimizar os impactos por meio de medicamentos e terapias alternativas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo existem cerca de 4 milhões de pessoas com a enfermidade e no Brasil são 200 mil, segundo a segunda patologia degenerativa crônica mais frequente no mundo, atrás apenas do Alzheimer.
Parkinson: Segunda patologia degenerativa crônica mais frequente no mundo
Neurologistas explicam todo processo da enfermidade que afeta 1% da população mundial, atrás apenas da doença de Alzheimer
Fotos Ilustrativas
O mês de abril é marcado pela importância de divulgar os cuidados e alertas sobre a Doença de Parkinson, que, no Brasil tem a data do dia 04|04 como o Dia Nacional do Parkinsoniano -, e dia o 11 como o Dia Mundial da Conscientização da Doença. As datas têm como objetivo promover o debate e alertar a população, orientando-a na busca de tratamentos precoces, a fim de minimizar os impactos por meio de medicamentos e terapias alternativas.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo existem cerca de 4 milhões de pessoas com a enfermidade e no Brasil são 200 mil com a estimativa de se dobrar o número da população enferma no país até 2040. A Doença de Parkinson (DP) é a segunda patologia degenerativa crônica mais frequente no mundo, atrás apenas do Alzheimer.
Segundo a neurologista Samira Apóstolos, Médica Neurologista do Grupo de Doenças Desmielinizantes e autoimunes do sistema nervoso do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) e coordenadora da equipe de neurologia da EVCITI, clínica especializada em doenças autoimunes, é importante ficar atento aos sintomas iniciais da doença, que, geralmente, incluem uma combinação de aspectos motores e não motores. “Entre os sintomas motores, os mais característicos são o tremor em repouso, a bradicinesia (lentidão dos movimentos) e a rigidez muscular. O tremor em repouso é frequentemente o primeiro sintoma observado e geralmente começa em uma mão ou em um lado do corpo. A bradicinesia pode se manifestar como dificuldade em iniciar movimentos ou em realizar tarefas motoras finas, enquanto a rigidez pode ser percebida como uma resistência ao movimento dos membros”, explica a neurologista.
O diagnóstico da Doença de Parkinson (DP) é detectado anos depois dos primeiros sintomas, levando cerca de 5 a 11 anos para se manifestar de fato, por isso, a importância de ficar atento. Os sintomas motores, embora mais tardios, também podem ser detectados precocemente. Alterações sutis na escrita, na movimentação ao virar na cama, na marcha, na salivação, na fala e na expressão facial podem ser sinais da doença se manifestando lentamente. Além destes, a doença de Parkinson também pode apresentar sintomas não motores como distúrbios do sono, distúrbio comportamental do sono REM, constipação, perda do olfato e alterações de humor, como depressão e ansiedade.
Ao ser diagnosticado com a Doença de Parkinson, o paciente passa por processos que envolvem medicamentos, terapias complementares e em alguns casos cirurgia. Mas, segundo Dra. Samira, o tratamento é individualizado, de acordo com as necessidades de cada pessoa e o estágio da doença.
O principal medicamento para tratar a Doença de Parkinson é o Levodopa, que repõe a dopamina no cérebro e reduz tremores e rigidez, no entanto, outros medicamentos podem ser usados para potencializar o efeito. “Além do tratamento medicamentoso é importante o paciente realizar tratamentos complementares como fisioterapia para melhora dos movimentos, fonoaudiologia para melhora da fala e deglutição e terapia ocupacional para realização das atividades de vida diária”, orienta a coordenadora da EVCITI.
Como se manifesta a Doença de Parkinson
“O Parkinson surge da degeneração de neurônios na substância negra do cérebro. Esta região produz dopamina, um neurotransmissor que ajuda a coordenar os movimentos, e sua redução leva aos sintomas de rigidez, tremor, lentificação para os movimentos”, esclarece Dra. Tamires Rocha, da equipe de Neurologia nos Hospitais Sírio-Libanês, Vila Nova Star e integrante da equipe na clínica EVCITI.
Segundo Tamires, a causa exata da doença é desconhecida, mas fatores genéticos, ambientais e o envelhecimento cerebral podem estar envolvidos. Além de fatores como a exposição a toxinas, metais presentes em minas e indústrias, como manganês, defensivos agrícolas e solventes e, ainda, a ocorrência de traumas na região da cabeça também podem aumentar as chances de desenvolver Doença de Parkinson.
Para entender melhor sobre a doença confira abaixo a entrevista com a Dra. Tamires Rocha Figueredo, especialista em Transtornos do Movimento pela Faculdade de Medicina da USP:
1- No caso de ser uma condição genética, existe a possibilidade do avanço da doença com tratamentos precoces, tendo histórico familiar?
Do total de pacientes com Parkinson, apenas 10% a 15% tem origem genética.
É importante destacar que maioria dos casos é esporádica, ou seja, não tem histórico familiar da doença.
Mas mesmo no caso de doença esporádica, podemos ter influência de um fator genético.
Estima-se que 5 a 10% dos casos de Parkinson sejam por mutações monogênicas, em que a herança de um gene em específico determina uma chance muito alta de desenvolvimento da doença. Essa forma geralmente acomete pacientes mais jovens, com menos de 50 anos e pode apresentar mais distonia (contrações musculares involuntárias) e discinesias (movimentos involuntários).
Os demais pacientes que apresentam uma influência genética, são portadores de genes de suscetibilidade, que podem contribuir, mas não são o único fator causador. As exposições ambientais, estilo de vida e envelhecimento também desempenham um papel importante para geração da doença.
Hoje são reconhecidos mais de 20 genes que podem causar a doença.
Na prática, não fazemos o teste genético de rotina no paciente, pois isso não influencia diretamente o tratamento.
A Doença de Parkinson com ou sem origem genética tem o mesmo tratamento.
Se no futuro houver medicamentos que atuem de forma específica em determinados subtipos genéticos da doença de Parkinson, sim, será interessante fazer o teste genético dos pacientes.
2- Quais os estágios da doença?
A doença de Parkinson (DP) é classificada em estágios que refletem a progressão dos sintomas motores e não motores. O sistema de estadiamento mais utilizado é o de Hoehn e Yahr, que categoriza a DP em cinco estágios, baseando-se principalmente na gravidade dos sintomas motores e na capacidade funcional do paciente.
- Estágio 1: Caracterizado por sintomas leves que afetam apenas um lado do corpo (unilateral). Os pacientes podem apresentar tremor, rigidez ou bradicinesia, mas geralmente mantêm a capacidade funcional.
- Estágio 2: Os sintomas tornam-se bilaterais, afetando ambos os lados do corpo, mas sem comprometimento do equilíbrio. As atividades diárias podem ser realizadas, embora com alguma dificuldade.
- Estágio 3: Este estágio é marcado por instabilidade postural e comprometimento do equilíbrio, mas os pacientes ainda são capazes de viver de forma independente. A bradicinesia e a rigidez são mais pronunciadas.
- Estágio 4: Os sintomas são graves e limitam significativamente a capacidade de realizar atividades diárias. Os pacientes geralmente necessitam de assistência para caminhar e realizar tarefas cotidianas.
- Estágio 5: Este é o estágio mais avançado, onde os pacientes estão frequentemente confinados a uma cadeira de rodas ou cama e necessitam de cuidados constantes. Os sintomas motores e não motores são severos e debilitantes.
3- O que realizar no dia a dia, além do tratamento com remédios, para minimizar os impactos da doença na qualidade de vida?
O tratamento não farmacológico da doença de Parkinson (DP) é uma área de crescente interesse e importância. As opções não farmacológicas visam melhorar os sintomas motores e não motores, bem como a qualidade de vida dos pacientes.
- O exercício regular é fundamental para pacientes com DP. Estudos demonstram que programas de exercício podem melhorar a função motora, o equilíbrio e a qualidade de vida. A prática de exercícios aeróbicos, treinamento de resistência e atividades que estimulam equilíbrio como fisioterapia, Tai Chi e Yoga e Dança mostram benefícios significativos.
- Terapias ocupacionais e fonoterapia são cruciais para abordar sintomas específicos, como dificuldades de deglutição e comunicação. A terapia ocupacional pode ajudar na adaptação das atividades diárias, enquanto a fonoterapia pode melhorar a articulação de palavras e a deglutição
- Abordagens para tratar sintomas de depressão e ansiedade, incluindo a Psicoterapia, podem ser importantes para alguns pacientes
- 4.Abordagens para tratar sintomas cognitivos, como reabilitação neuropsicológica, podem ser necessárias nos estágios mais avançados da doença
- 5.Intervenções como acupuntura, musicoterapia e mindfulness têm sido exploradas como complementares ao tratamento convencional.
- Essas abordagens não farmacológicas são parte integrante do manejo da DP e devem ser consideradas em conjunto com tratamentos farmacológicos para oferecer um cuidado abrangente e personalizado aos pacientes
5- 5- O Parkinson está relacionado com algum tipo de doença autoimune?
A doença de Parkinson (DP) envolve mecanismos autoimunes que contribuem para a neurodegeneração, principalmente através da interação entre a proteína α-sinucleína e o sistema imunológico. A α-sinucleína, que se acumula de forma patológica em pacientes com DP, pode atuar como um antígeno autoimune, desencadeando respostas imunes que aceleram a progressão da doença.
Esses processos autoimunes não apenas ocorrem no sistema nervoso central, mas também envolvem interações entre o sistema imunológico periférico e o cérebro, sugerindo que a DP é uma doença multissistêmica que requer uma abordagem integrativa.A compreensão desses mecanismos pode orientar o desenvolvimento de estratégias terapêuticas que visem a modulação imunológica para retardar a progressão da DP.
Mini Bios:
Dra Samira Apostolos – coordenadora da equipe de neurologia da EVCITI
Médica Neurologista do Grupo de Doenças Desmielinizantes e autoimunes do sistema nervoso do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), onde exerce a função assistencial, pesquisa e coordenação didática do grupo de Neuroimunologia (2008) até os dias atuais.
Em 2013, fundou e, desde então, coordena o a Complementação especializada em Neuroimungologia pela Faculdade de Medicina da USP. Coordenadora do ambulatório de Neuromielite óptica (2015) até os dias atuais. Colaboradora do Núcleo de Medicina Avançada e Centro de Referência em Esclerose Múltipla (CRER). Desde 2022 - participa do Departamento científico de neuroimunologia na função de secretária. Atualmente, atua, principalmente, em casos de doenças autoimunes, inflamatórias e desmielinizantes do SNC.
Dra Tamires Rocha – especialista em transtornos do movimento e integrante da equipe de neurologia da EVCITI
Formada na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) em 2015 e com residência médica em Neurologia Clínica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Dra Tamires fez programa de complementação especializada - fellowship ou subespecialização - em Transtornos do Movimento e Toxina Botulínica com finalidade neurológica no Hospital das Clínicas da FMUSP em 2020.
Ao longo de sua formação realizou estágios internacionais na University of Michigan Medical School (EUA), University of Groningen (Holanda), Lunds Universitet (Suécia), Cleveland Clinic (EUA) e Yale School of Medicine (EUA).
Atualmente, compõe a de Equipe Neurologia Dra Samira Apóstolos, que atua nos Hospitais Sírio-Libanês, Vila Nova Star. É neurologista titular do setor de Associados da Beneficência Portuguesa de São Paulo;
Coordena Equipe Neurologia do Hospital da Luz Vila Mariana.
Clínica EVCiti – Grupo Cita |@clinicaevciti
Av. 09 de Julho, 3755 – Jardim Paulista – São Paulo – SP
Telefone: (11) 30512233 / 94191-9911
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